Classes e estratificação social: as castas
As Castas
Para Max Weber, o sistema de castas obedece a uma forma especifica de organização. Nas castas há a definição clara do papel dos indivíduos, por exemplo, os membros de uma casta poderiam desempenhar determinadas tarefas, ao passo que membros de outras castas não poderiam.
Pertencer a uma casta ou
subcasta era o fator comprobatório da posição
social que se ocupava dentro de uma comunidade. Dessa forma, o conjunto de
relações econômicas e políticas ocorriam tendo como base esse tipo de
estratificação. Assim uma determinada casta podia conferir a seus membros uma
posição social que era também política ante as demais castas numa dada
comunidade. Por exemplo, no Egito antigo tinha-se uma ordem social que no topo
estavam os sacerdotes, os reis, os soldados; os demais – lavradores, pastores e
artífices – ocupavam posições consideradas inferiores. Era-lhes, determinado,
antes do nascimento, dar continuidade aos ofícios que vinham de seus
antepassados, ou seja, o filho do lavrador tinha que fazer essa tarefa, e não outra.
Nenhum outro oficio lhe era permitido.
Na China, os letrados constituíram a casta dominante
por vários séculos como a encarnação da sabedoria e da eficiência no
exercício dos cargos públicos. Na antiguidade, as diversas sociedades (grega,
egípcia, chinesa, etc.) pautavam-se por um tipo de organização da propriedade e
por um tipo de Estado, o que tornava possível uma dada forma de organização
socioeconômica e político-cultural. A propriedade ou era comunal (coletiva) ou
do Estado, e este último tinha, por sua vez, um caráter burocratizado, sendo
função dos funcionários públicos fiscalizar e organizar as diversas atividades
profissionais. O fato de apenas alguns grupos estarem em condições de exercerem
cargos públicos tinha a ver com a manutenção e com a reprodução das condições
de dominação vigentes nas sociedades antigas.
A
sociedade de castas
A sociedade de castas é uma
forma particular de estratificação caracterizada por vários traços estruturais
específicos, como, por exemplo, a hierarquização
rígida, baseada em critérios como hereditariedade, profissão, etnia e
religião, que determinam uma “situação de respeitabilidade” nas relações
sociais. A definição desses critérios ocorre a partir de um conjunto de valores, hábitos e costumes definidos pela
tradição.
O sistema de castas
assenta-se numa relação de privilégios que alguns indivíduos possuem em
detrimento dos demais. Esse tipo de organização social parte do pressuposto que
os direitos são desiguais por natureza, uma vez que os elementos que os caracterizam
são definidos fora dos indivíduos – por exemplo, a definição de cargos e
profissões era determinada pela hereditariedade (o guerreiro e o sacerdote
fariam os seus filhos também guerreiros e sacerdotes).
Pode-se dizer, que nas
sociedades antigas, a organização social baseava-se no sistema de castas. As
desigualdades políticas, jurídicas, religiosas, etc. expressavam-se através do
lugar que o indivíduo ocupava na estrutura de cargos e profissões, definidos pela
hereditariedade, em primeiro lugar. A Grécia antiga pode ser tomada como
exemplo da especialização hereditária, com a caracterização das famílias a
partir de suas profissões: família de médicos, de sacerdotes, de guerreiros, e
assim por diante.
As
castas na Índia
Embora abolido em 1950,
ainda hoje existe na Índia o sistema de castas. É válido ressaltar que o
sistema se encontra modificado, pois coexiste com um sistema de classes
sociais; mesmo assim, o estudo dessa sociedade deve passar pela compreensão do
sistema de castas lá vigente, o qual nos oferece vários elementos para a
compreensão dessa ordem social.
Os critérios de
distribuição dos indivíduos são pautados na religião, na etnia, na cor, na hereditariedade e na ocupação. Podemos afirmar que, de modo geral, existem
quatro grandes castas na sociedade indiana:
Brâmanes (casta sacerdotal)
Xátrias (casta intermediária - guerreiros, que são
encarregados do governo e da administração pública)
Vaixás (castas dos comerciantes, artesãos e camponeses)
Sudras (casta dos inferiores, responsáveis pelos trabalhos
manuais considerados servis)
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Existe ainda a
classificação párias, que enquadra
aqueles que não pertencem a nenhuma
casta e que, portanto, não comungam das regras atribuídas às castas.
Os indivíduos que pertencem
às castas inferiores são considerados impuros
e não podem prestar serviços a membros de castas superiores. As regras de
contato físico, as regras relacionadas à alimentação, a endogamia e a
hereditariedade viabilizam a característica de imobilidade social no sistema de
castas (é importante ressaltar que nenhum sistema é estritamente rígido).
A complexidade do sistema de castas entre os
hindus envolve não elementos políticos econômicos, mas questões culturais seculares. A combinação entre esses elementos
forma uma organização social particular no processo de construção das
desigualdades sociais.
(O texto não pertence a este blog. Reprodução para fins didáticos, não visa obtenção de lucros.)
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